O "Guia da Arquitetura (Proto)Moderna de Fortaleza (1932-1960)" é o produto de um processo de seleção, documentação e sistematização das obras arquitetônicas mais emblemáticas de uma primeira modernidade arquitetônica em Fortaleza. É também um esforço para difundir essa Arquitetura (Proto) Moderna, essencialmente representada pelas vertentes do Art Déco, do protoracionalismo e de uma “modernidade pragmática”, conforme cunhou o Professor Hugo Segawa. O projeto tem coordenação do Prof. Dr. Ricardo Paiva, em parceria com a Profa. Dra. Beatriz Diógenes, Profa. Dra. Zilsa Santiago e Profa. Dra. Márcia Cavalcante. Além disso, a produção desse Guia foi viável por meio do trabalho de vários bolsistas da Bolsa de Iniciação Acadêmica (BIA), programa institucional gerido pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), da Universidade Federal do Ceará.
A delimitação do objeto de estudo, qual seja, o Guia da Arquitetura (Proto)Moderna de Fortaleza, merece algumas explicações conceituais, que estão sugeridas no próprio título por meio da expressão (Proto)Moderna. A palavra “proto” (do grego prõtos), que expressa um sentido de primeiro ou anterior, está entre parênteses, pois pretende indicar que se trata de uma primeira modernidade arquitetônica em Fortaleza, caracterizada pela coexistência de tendências e vertentes que acompanham o ritmo da modernização da cidade e da sociedade, em consonância com o que se desenvolve em outros lugares do mundo e do Brasil.
Ademais, o uso do termo “proto”, no caso específico da modernidade arquitetônica em Fortaleza, se justifica pela inserção desse Guia no contexto de uma pesquisa mais ampla e complementar já realizada no âmbito do PPGAU+D-UFC denominada Guia da Arquitetura Moderna de Fortaleza (1960-1982) (https://guiaarquiteturamodernafortaleza.blogspot.com/). Assim, numa perspectiva historiográfica, trata-se de um esforço de esboçar uma periodização das manifestações da cultura arquitetônica em Fortaleza no século XX.
Para efeito de nomenclatura, adota-se neste trabalho o termo Arquitetura (Proto) Moderna para se referir a uma produção modernizante, correspondente ao conceito assumido por Segawa (2002) como “modernidade pragmática”, que se desenvolve “à margem do modernismo engajado”, ao contrário da noção de arquitetura moderna, que se identifica com uma corrente hegemônica produzida por arquitetos que adotam e estabelecem como paradigma os princípios do Movimento Moderno.
O recorte temporal, portanto, tem como marco inicial o ano de 1932, data da construção de dois edifícios importantes na cidade: o Centro de Saúde de Fortaleza, de autoria de José Gonçalves da Justa (já demolido) e o antigo Mercado Municipal de Fortaleza (de autoria desconhecida), localizado na Rua Conde d’Eu, ambos no Centro. O recorte final (o ano de 1960) corresponde, no contexto local, ao início da década em que a arquitetura moderna se apresentava de forma mais efetiva, com a atuação dos primeiros arquitetos cearenses.
A atividade faz parte das ações do LoCAU (Laboratório de Crítica em Arquitetura, Urbanismo e Urbanização) (https://paivaricardo.wixsite.com/locau-ufc) do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Design da Universidade Federal do Ceará (UFC) que tem como objetivo a realização de estudos e pesquisas sobre a produção e o consumo do espaço na contemporaneidade, à luz de uma perspectiva crítica e histórica das manifestações socioespaciais da arquitetura, do urbanismo e da urbanização.
Os guias de arquitetura são aportes instrutivos que orientam pesquisadores e visitantes sobre aspectos fundamentais da produção da arquitetura de um determinado lugar e período, ao oferecer condições mínimas de conhecimento do patrimônio edificado e proporcionar possibilidades distintas de informação e interpretação da obra, assim como sua inserção espacial e temporal.
A construção do Guia da Arquitetura (Proto)Moderna de Fortaleza tem sua relevância sustentada a partir de duas premissas: a da necessidade de um aporte teórico, no qual verifica-se a sistematização e documentação de um patrimônio edificado da cidade, ainda pouco conhecido e estudado. E a urgência de levantar o debate sobre a preservação desses prédios, que em decorrência das dinâmicas socioespaciais da metrópole se encontram, em sua grande maioria, em um vulnerável estado de uso e conservação.
O estudo e a documentação dessas obras, bem como sua divulgação, contribuem para a construção de uma base de dados relevante, que pode oferecer subsídios para possíveis projetos de reutilização, além de servir como instrução de tombamento das edificações selecionadas.
Portanto, pretende-se que este Guia possibilite a divulgação da arquitetura (Proto)Moderna produzida em Fortaleza e suscite o aprofundamento de temas como a valorização, documentação, preservação e conservação desse patrimônio edificado.
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